5 sentidos


5 Sentidos é um espaço para resenhas. Aqui todos podem compartilhar as experiências literárias, cinematográficas, musicais e muito mais.


Joanne


Lady Gaga abandona electropop e veste chapéu de cowboy 
para seu álbum mais pessoal e surpreendente


                                                   Vinicius Brazil - 3° ano integrado em Alimentos do IFS



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Não é um álbum da Lady Gaga! É essa a reação que qualquer um tem após dar o play. Depois de três anos sem lançar um álbum pop, a nossa querida Mother Monster lança Joanne, o trabalho mais pessoal de sua carreira, que conta com variadas composições e estilos musicais.

O disco carrega o nome Joanne em homenagem a tia morta de Gaga, que infelizmente faleceu de lúpus (doença que a própria cantora compartilha com a finada tia). Por isso, e pelo conteúdo do trabalho, o álbum é considerado pelos fãs, e pela mídia, como bastante pessoal e diferente dos anteriores,  com um som, diríamos, mais orgânico, sem muitos efeitos e com tendências de  Country-pop e Pop-rock.





A estrela nova-iorquina chegou a comentar que, no processo criativo do álbum, escreveu sobre tudo o que vinha à mente. Isso quer dizer: sexo, masturbação, amor, drogas, morte, álcool e tabus.

Joanne abre com Diamond Heart, uma balada mais up ,com bastantes guitarras, cujo tema envolve jovens que se prostituem para conseguir dinheiro e, contrariando os estereótipos, são boas pessoas (têm um coração de diamante). A música pode ser uma metáfora para a vida da própria Gaga, já que a mesma nunca escondeu seu passado com drogas, sexo e coisas relacionadas.

A próxima é A-YO, uma música com batida frenética e agitada que promete sacudir os ossos até dos velhinhos. Com uma letra bem safadêênha e guitarras bem proeminentes, a cantora diz na letra que faz seu parceiro “gotejar”, o que já dispensa comentários. É aquela canção feita pra ser hit e que mesmo se não hitar (talvez pelo conteúdo muito explícito para as rádios), vai ser hit em nossos corações!

Joanne vem logo em seguida e promete arrancar lágrimas dos ouvintes. É aquela baladinha voz e violão que conquista todo mundo! A letra é bem autoexplicativa, já que é uma homenagem à falecida tia da cantora e que pode muito bem servir para qualquer pessoa que esteja sofrendo a dor da perda.



“Take my hand, stay Joanne / Heaven’s not ready for you / Every part of my aching heart needs you more than the angels do…”



John Wayne segue a tracklist com outra batida rápida e versos quase falados. Aqui temos um highlight do álbum, com batidas eletrônicas e instrumentos de corda dividindo o mesmo espaço. Bem sexual, e quase como um conto de faroeste, Lady Gaga tem outro hit em mãos.

“It’s like, I just love a cowboy / You know, I’m just like, I just, I know, it’s bad/ But I’m just like / Can I just like hang off the back of your horse, and can you go a little faster?”


Dancin’ in Circles traz um pouco de dancehall – quase um reggae-ish –  para o álbum. A canção inteira é uma metáfora para a masturbação! ( E muito feminista sim!). Aqui temos outros highlight do álbum! Sem dúvida, se fosse single, iria ser proibida nas rádios, mas quem se importa? É Lady Gaga quebrando tabus!

“Tap down those boots while I beat around / Let’s funk downtown! Tap down those boots while I beat around/ Funk me downtown! / I lay around, touch myself to pass the time I fell down, I wish you were mine”.


Perfect Illusion vem em seguida. É o primeiro single do CD. Aqui vemos como o trabalho é diversificado, pois passamos da “quase-reggae” Dancin’ in Circles para um dance-pop/rock psicodélico. É fácil se identificar com a letra da música e o ritmo promete alguns plays nas boates mundo afora.

Depois da dançante Perfect Illusion, nos deparamos com a linda Million Reasons. Nesta música, Gaga abre o seu coração, e bota pra fora tudo aquilo que a gente um dia quis falar à pessoa amada.


“Eu tenho cem milhões de razões para ir embora, mas, querido, eu só preciso de uma boa razão para ficar”.





Agora temos uma sequência de músicas mais calmas: Sinner’s Prayer e Come To Mama. A primeira é um countryzinho nostálgico e a última se aproxima de um jazz de raiz para acalentar os nossos ouvidos.

Hey Girl, com participação da Florence Welch, é aquela música que vai ficar em sua mente por horas! Não por ser chiclete em sentido negativo, mas por ter uma melodia muito bem construída! A música vem embalada com uma temática feminista em que as duas cantoras falam sobre o suporte mútuo entre as mulheres.


“Ei garota, ei garota, nós podemos facilitar as coisas se nos ajudarmos. Ei garota, ei garota não precisamos competir umas com as outras”.





O álbum termina com Angel Down. Nessa canção, Gaga mostra todo o poder de seu vocal quase angelical, acompanhada de uma harpa. Tem uma sonoridade mais orgânica e ambiente. A música faz você relaxar assim que começa a escutá-la. É um ótimo jeito de terminar um álbum tão diversificado como Joanne.

O CD cumpre o que promete. É uma reunião de pensamentos e sentimentos que Lady Gaga esteve juntando todos esses anos em que houve uma queda em sua popularidade. Mas com amor e com a ajuda de sua família, conseguiu dar a volta por cima e se recuperar fisicamente, mentalmente e, principalmente, espiritualmente.


Quem nunca gostou da Lady Gaga, de suas roupas ou do seu estilo musical, também precisa  ouvir o álbum. É uma experiência completamente diferente!


Tracklist:
1 -  Diamond Heart
2 -  A-YO 
3 -  Joanne
4 -  John Wayne
5 -  Dancin’ in Circles
6 -  Perfect Illusion
7 -  Million Reasons
8 -  Sinner’s Prayer
9 -  Come to Mama
10 -  Hey Girl (feat. Florence Welch)
11 -  Angel Down
Consideração Final para o álbum: 8,0 - 10,00



                                          




Anti traz a Rihanna mais Rihanna que você já viu!


Depois do irreverente e emocional álbum Unapologetic, lá no finalzinho de 2012, que gerou os hits mundiais Diamonds e Stay, nossa querida BadGalRiri está de volta com o famigerado e polêmico Anti. Depois de longos quase 4 anos de espera, e diversos singles avulsos – Fourfiveseconds, Bitch Better Have My Money e American Oxygen – o álbum chegou cheio de emoção, rebeldia e reflexão.

Anti é uma mistura de R&B, Hip-Hop e Reggae com influências alternativas e acústicas, mas, ainda assim, é classificado como um álbum pop. Mas cadê o POP que tornou a nossa querida RiRi famosa lá em 2007? Cadê aquelas “farofas” que fizeram de Loud o álbum mais vendido da década de uma cantora negra? Boa pergunta! Ela é respondida na primeira faixa do novo trabalho, Consideration. Trata-se de uma mistura de Reggae e Hip-Hop que conta com a participação da cantora alternativa SZA onde Rihanna diz: “Eu tenho que fazer as coisas da minha maneira, querido. Você vai deixar? Você vai me respeitar?”. A faixa é sem dúvida um susto para aqueles que estavam esperando algo mais mainstream, o que não tira o brilho da mesma. E mesmo assim, ainda estamos no terreno do Pop. Logo após, vem a dispensável James Joint, e em seguida nos deparamos com um dos highlights do álbum: o aclamado segundo single, Kiss It Better, uma mesclagem de synthpop e R&B com riffs de guitarra. É sem dúvidas uma da melhores do álbum, consequentemente, uma das melhores da carreira da barbadiana. 



Após esse choque inicial, vem o primeiro single do álbum, o sucesso mundial Work, carregado de ritmos caribenhos. A música é um dancehall, com o famoso “sotaque da ilha” da cantora. Com a participação do rapper Drake, já é um dos maiores hits do ano. Conta com um clipe mediano, climático e polêmico, assim como a música.


Em seguida, encaramos a deliciosa Desperado, a insatisfatória Woo, que consegue ser mais irritante do que o viral Friday da Rebecca Black, a poderosa Needed Me, que é o Urban Single do álbum, e onde Rihanna mostra sua habilidade em entoar palavras em uma só respiração, e a sensual Yeah, I said It.

Após 4 músicas cheias de Hip-Hop com pitadas de R&B, a cantora deleita nossos ouvidos com seus vocais roucos na hipnotizante Same Ol’ Mistakes que nada mais é do que um cover da banda alternativa Tame Impala. Já Never Ending é uma faixa monótona que apesar de letra satisfatória fica meio perdida no álbum, e que serve de passagem para outro highlight do Anti, a maravilhosa e encantadora Love On The Brain. Esta última é uma balada sofisticada de estilo doo-wop (aquele mesmo estilo que fez a Meghan Trainor se tornar mundialmente famosa), e que tem potencial para ser um futuro hit.
Chegamos ao final do álbum ao som da bêbada e barulhenta balada Higher, com um tom clássico que nos remete a Amy Winehouse. Por último, mas não menos importante, o Anti fecha com chave de ouro, ao som de outra balada, Close To You, guiada por vocais roucos e afinados, que é inteiramente acompanhada por um piano, onde Rihanna canta: “Não, você não precisa da minha proteção, mas eu estou apaixonada, não pode me culpar por ficar olhando, eu olho em sua direção, esperando que a mensagem vá, em algum lugar perto de você”.

Não, o Anti não é o álbum que eu, você, sua mãe, sua tia, seu cachorro esperávamos da maior hitmaker negra da história! E a proposta era exatamente essa! Trazer um álbum obscuro e inesperado. Mas apesar de ser muito coeso, acaba perdendo um pouco do seu brilho pela má distribuição de sua tracklist. Algumas faixas nos fazem questionar os seus devidos lugares no disco. E é por isso mesmo que Anti é o álbum mais “Rihanna” da Rihanna. Ou seja, inexplicável e rebelde.

Tracklist:

1 - Consideration (featuring SZA)                         
2 - James Joint                                                     
3 - Kiss It Better                                                 
4 - Work (featuring Drake)                                   
5 - Desperado
6 - Woo
7 - Needed Me
8 - Yeah, I Said It
9 - Same Ol’ Mistakes (Tame Impala cover)
10 - Never Ending
11 - Love on the Brain
12 - Higher
13 - Close to You 

Vinicius Brazil – 2° ano integrado em Alimentos do IFS

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Gabriela, cravo e canela, por Manuelle Oliveira (integrado em alimentos)

E aí galerinha de Entretemas! Todos prontos para nossa viagem ao mundo fantástico dos livros?! Começamos muito bem com a eterna Gabriela, cravo e canela (Jorge Amado – Companhia das Letras), não é mesmo?

Ah Ilhéus! Cidade linda, mar azul e esverdeado, que ainda inspira paixões avassaladoras. Destino dos que procuram além de muita diversão, cultura e história essencialmente nordestinas. Cidade esta, que há algum tempo vivia grandes transformações tanto no campo sócio-político, com o ciclo do cacau, como também em alguns corações apaixonados que o meu leitor já deve imaginar. E é esse o palco da trama em que iremos mergulhar sem pensar em hora para voltar.

Não poderia, então, deixar de apresentar-lhes a ilustre Gabriela, pois seria uma enorme gafe esquecer da grande estrela da nossa narrativa. Menina de pouca sorte, órfã de pais. De sua família, só lhe restou um tio velho e companheiro de estrada. E foi caindo na estrada com inúmeros retirantes, entre todos os que foram deixados para trás, que a moça inocente com cheiro de cravo conheceu as belezas e os pesares da vida de uma bela mulher.  Entre os contratempos, conheceu seu Nacib – um sírio morador de ilhéus, homem robusto dono de bar, um moço bonito! – com o qual viveu os melhores e os piores momentos de sua existência.

Não é novidade para ninguém, que por vários períodos da história da humanidade, a mulher sofreu com diversos processos de opressão e censura. E é esse um dos pressupostos que revela a obra de Jorge Amado.  O duplo homicídio cometido pelo coronel Jesuíno contra sua esposa sinhazinha e um cirurgião dentista da cidade, que viviam um verdadeiro romance aniquilador. Delata ainda mais o desígnio do autor baiano ao escrever a obra, demonstrando as inativas leis quanto aos direitos das mulheres e a sobreposição do poder masculino da época.

Meu caro leitor, como diria a sabedoria popular, as aparências enganam. Não se engane ao 
pensar que a obra literária do amado autor tem constituição idêntica às construções meramente midiáticas que foram “teletransportadas” até a telinha da sua TV. Já que estes, por garantia, têm autorização legal de realizar modificações por meio do seu direito assegurado de criação.

Diante de todos os aspectos, podemos perceber que o exemplar, autenticamente da nossa terra, é de uma qualidade grandiosa e com linguagem aberta a todos os públicos. Não apenas uma história de lascívia e concupiscências, mas sim um registro de nosso passado e um patrimônio histórico do nosso povo.

“Eu continuo firmemente pensando em modificar o mundo e acho que a literatura tem uma grande importância”. Jorge Amado.